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quarta-feira, 24 de março de 2010

Coletânea: Alex Chilton, sentimos a sua falta

Morreu na quarta-feira passada, de uma parada cardio respiratória, o compositor e produtor Alex Chilton. Um dos maiores nomes da música, Chilton cortava a grama de sua casa quando começou a passar mal. Chilton tinha 59 anos e ainda estava na ativa. Sua banda, Big Star, estava programada para tocar no festival South by Southwest, em Austin, Texas, no fim-de-semana de sua morte. A notícia de seu falecimento provavelmente provocou grande comoção entre os presentes no festival, afinal Chilton e o seu Big Star devem ter influenciado 90% das bandas que estavam ali e 90% das bandas que você deve escutar. Artistas tão diversos, como Bobby Gillespie, do Primal Scream, Mike Mills, do R.E.M, Alexis Taylor, do Hot Chip e Carrie Brownstein, do Sleater-Kinney, expressaram o quanto são gratos pela música de Alex Chilton. Carrie Brownstein, em um belo texto no seu blog, falou sobre como era bom mostrar essas canções para alguém que ainda não conhecia o #1 Record ou o Radio City e como a sua música foi capaz de mudar vidas.

No último fim-de-semana, indo para São Paulo para confraternizar e causar com alguns amigos, resolvi fazer uma experiência. Sozinho, no ônibus, coloquei o #1 Record no mp3 e fui transportado para outro planeta. Estava nas canções sobre amores perdidos e encontrados de Chilton, nas estradas americanas - afinal, as estradas de noite são todas iguais (ou quase) -, na juventude que desde o início dos anos 70 - época do lançamento dos primeiros discos do Big Star – não mudou muito e só precisa de um baseado para acabar com a monotonia, como ele diz na música “In The Street”, que a maioria deve conhecer por ser a abertura do That 70´s Show (na versão do Cheap Trick).

A inocência da juventude da maneira que só Chilton conseguia colocar em música fica explícita em canções como “Thirteen”, na qual ele diz para a garota que talvez na sexta-feira consiga os ingressos para o baile. Ele entendeu os garotos desajustados e os tímidos, para quem dançar com a amada era mais importante do que qualquer outra coisa. Chilton era um gênio e tentava ficar longe dos holofotes nos últimos anos (tanto que segundo a sua viúva, ele morreu enquanto cortava a grama). Na canção “Alex Chilton”, do Replacements, Paul Westerberg dizia “Children by the millions/Scream for Alex Chilton”, verso que fica como uma espécie de prova da importância do cantor na vida de milhares de pessoas no mundo. O que seria de artistas como Wilco, Elliott Smith e Bright Eyes sem Alex Chilton? Não sei, mas ainda bem que ele existiu.

Ciro Hamen é um dos organizadores e DJs da mixtape e editor do blog Acento Negativo.

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