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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A magia infinita dos anos 2000

Raphael Morone, nosso amigo do coletivoACTION, foi convidado para falar um pouco sobre música e as novas tecnologias que vieram com os anos 2000. Suas impressões:


Pensando nos anos 2000, é inevitável não lembrar da minha primeira aventura no Napster em busca de "Papai Noel Filho da Puta" dos Garotos Podres. Para um gordo de 13 anos, baixar algo com pompa de ilegal era o máximo de malandragem que se poderia praticar. Era raro você encontrar um album inteiro disponível, e quando encontrava, não era organizado por pastas. Baixar música e conhecer bandas, naquela época, era catar milho. Posso dizer que minha época no Napster não me marcou em porra nenhuma. Serviu apenas para puxar músicas aleatórias, funks antigos e Roberto Carlos para minha vó ouvir.

Com o fim do programa, a maioria se viu obrigada a utilizar programas como Morpheus e Kazaa, estes com uma interface e uma estrutura bem mais bacana que o Napster. Foi aí que comecei a puxar tudo que de alguma forma ajudou a conceber meu apuradíssimo gosto musical atual: trilha sonora de anime, skacore da pior qualidade e o pop-punk feito no comecinho dos anos 2000 que embalou os bailes da cebola da juventude caiçara- cheia de atitude na época-. Até então, pense que se você quisesse algo como reggae além Bob Marley ou a discografia completa do Otis Redding, você tava fodido. Ou torcia para algum daqueles malditos usuários desses programas compartilhassem suas deliciosas coleções de soul e reggae. Coisa que na época, ainda era difícil acontecer.

No mesmo período, comecei a frequentar alguns fóruns de música. Inclusive foi em um deles que tive a feliz chance de conhecer o Soulseek e perceber que com o advento da banda larga, recentemente instalada em casa, poderia em breve baixar todo o conteúdo da Internet. Ledo engano. Um dos grandes males do Soulseek e da internet rápida é que você vira praticamente um viciado em crack. A parte boa é que você tem uma grande chance de conhecer artistas de lugares que você jamais imaginaria ouvir algo fora do tradicional produzido por lá. Em 2004, por exemplo, a grande surpresa, eram as bandinhas de ska do País Basco: Skalariak, Betagarri, entre outros. Tudo é claro, com um ar de preucupação de estar baixando uma coletânea de World Music e se arrepender amargamente depois.

Se houve algo bom nos anos 2000 além da pornografia mais acessível a todos, com certeza foi isso. Espanhóis buscando referência em artistas jamaicanos e na soul music, americanos como Mayer Hawthorne fazendo uma volta ao seu roots produzindo coisas finíssimas, e o crescimento das festas temáticas aqui no Brasil.Ninguém imaginava há 9, 10 anos atrás, que teríamos festas especializadas em reggae, soul e até em um nicho ainda mais nerd do soul, o northern soul,por aqui. Popscene, Bomboclaat, Pedrada, Jamboree, Casino Matinee, Soul Glow e agora a mixtape. O fato é que com essa facilidade de corrermos atrás de sons, tudo ficou mais interessante.


Raphael Morone é designer gráfico, mestre pokémon e membro mais magro do coletivoACTION

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