Para quem ficou curioso em relação aos setlists das músicas tocadas durante a festa, aqui vão as canções tocadas pelos DJs residentes e parte do set da convidada Flávia Durante. O DJ Papito mandou bem, começando a história da mixtape com "The Modern Age", do Strokes. Seguem os sets:
set Rafael
The Strokes - Modern Age Snoop Dog - Sensual Seduction 50 Cent - In da Club The Roots - Seed Kanye West - Stronger Estelle - American Boy Gwen Stefani - Hollaback girl Lily Allen - 22 Basement Jaxx - Hot'n Cold The Sounds - Living in america Muse - Supermassive Black Hole Gorillaz - Feel Good Inc. No Doubt - Hey Baby Blur - Crazy Beat Fountains of wayne - Stacy's mom Nada Surg - Blankest Year Red Hot Chili Peppers - By the way Offspring - Original Prankster Foo Fighters - All my life AC/DC - Rock'n Roll train The International Conspiracy - Captalism stole my virginity We are scientists - This scene is dead Rilo Kiley - Portions for foxes Ok Go - Here it goes again
set Flávia (parte)
MGMT - Kids Interpol - Slow Hands White Stripes - Seven Nation Army Kate Nash - Foundations CSS - Alala Kings of Leon - Molly´s Chambers Modest Mouse - Float On The Strokes - Reptilia Beyoncé - Crazy in Love Amy Winehouse - Rehab Missy Elliot - Get Ur Freak On Outkast - Hey Ya CSS - Superafim The Killers - Mr. Brightside Los Hermanos - Quem Sabe
set Ciro
Phoenix - Lisztomania The Darkness - I Believe in a thing called love Weezer - Hash Pipe Freelance Hellraiser - A Stroke of Genius Animal Collective - Brother Sport Girl Talk - Like This Daft Punk - One More Time Julian Casablancas - 11th Dimension Los Hermanos - Fingi Na Hora Rir Transistors - Algo Errado Lulina - Balada do Paulista The Very Best - Warm Heart of Africa Jay Z - Izzo (h.o.v.a) R. Kelly - Ignition (Remix) Kelly Clarkson - Since U Been Gone Crystal Castles - Untrust Us The Knife - Heartbeats Outkast - The Whole World Eminem - The Real Slim Shady
Um bom ano novo a todos e um 2010 com muitas mixtapes!
E agora estamos colocando as fotos oficias da mixtape no ar. Veja se você consegue encontrar os amigos nelas. E quem não foi pode ter uma pequena idéia do que foi a festa por meio destas fotos, que traduzem bem o clima divertido da noite. Para acessar o álbum do Picasa, basta clicar aqui.
O crédito de todas as fotos é da nossa queridíssima e internacional Natalia Quiroz, fotógrafa de mão cheia, garota chilena que vive em Santos. Quem curtiu as imagens super coloridas da Natalia e quiser conhecer mais sobre o seu trabalho, pode acessar o seu flick: http://www.flickr.com/photos/nataliaquiros/. Lá tem fotos dos seus trabalhos, seu portfólio e vários gatinhos.
Ontem fizemos o sorteio da promoção das camisetas Rockshow, parceiros da mixtape. No melhor estilo Faustão, jogamos os papeizinhos para cima e pegamos um no ar. Uma garota e um garoto foram agraciados e aqui estão os seus nomes:
E depois de alguns dias de uma divulgação de algo que começou misterioso e aos poucos foi tomando forma em um blog, twitter, facebook, flyers nas ruas e divulgação boca a boca, a mixtape foi concretizada ontem. “O que é esta mixtape?”, alguns perguntavam. Agora todos já sabem. Uma festa com som legal, gente legal (e cerveja barata). Sucesso absoluto.
A equipe da festa gostaria de agradecer a todos que participaram dessa noite histórica na cidade de Santos. Em especial ao DJ Jovem Palerosi, da Discotecagem Radiofônica, e à Flávia Durante, que voltou à terra para tocar o que de melhor rolou nessa década especial (e já postou algumas fotos que tirou no seu flickr). E também aos apoiadores, Macabéa Acessórios, Casa Linda, Bar Australiano, Rock Show e Stand Out Escola de Inglês, que tornaram esta festa possível.
Setlists, fotos e informações sobre a próxima edição da mixtape poderão ser encontradas aqui no blog ao longo dessa semana. Afinal, a festa tem que continuar, pois como disse a própria Flávia em seu twitter, “não deixem a caretice dominar a cidade”. “Ninguém se diverte como o público de Santos. Ninguém!”. Este que vos escreve concorda com ela.
Para quem ficou curioso sobre o carinha do flyer, trata-se de uma ilustração do Stratos feita pelo artista alemão Adrian Reimann. Essa ilustração vem de uma série em que ele redesenhou 16 dos personagens da ótima série animada oitentista Mestres do Universo de um jeito muito estiloso.
Citando suas próprias palavras, “Eu imaginei eles em algum lugar na cena indie/hipster/fashion, como se eles estivessem em alguma sessão fotográfica para alguma revista. Eu mesmo sou um fashion-nerd, então eu vesti eles com roupas que realmente existem e que eu gosto.”
He-Man wears: Jacket - Dior Homme, Jeans - April 77, Shoes - Pierre Hardy
She-Ra wears: Jacket & Top - H&M, Jeans - April 77, Shoes - Vintage
Esse fantástico trabalho nada mais é que um estudo comportamental dos últimos anos desenhado no papel. Rock e moda arrasam juntos desde os tempos mais remotos e esses dez últimos anos nos proporcionaram vários looks. No começo da década, as calças apertadas e rasgadas em um estilo mais punk eram mais evidentes, mas tudo passa e a galera começou a se vestir como almofadinhas, dois extremos bacanas. Hoje em dia, o pessoal abusa das cores e acessórios.
Para sacar mais sobre o trabalho do cara e ver os inimigos do He-Man vestindo jaquetas de couro e tênis modernos, entrem no portifólio do Adrian.
Será que veremos alguns geeks e fashionistas na mixtape? Eu adoraria e já estou preparando o modelito!
Em meia hora de entrevista exclusiva para o blog da festa mixtape, Jovem conversou com a gente, via Skype. Ele em Cuiabá, onde deu oficinas e tocou na festa da Semana do Audiovisual. Jovem chega amanhã em Santos, mas antes faz uma parada em São Paulo, para gravar um podcast para a Dada Rádio, do Coletivo Barulho.org. Com tanta coisa interessante, ficou difícil deixar este post mais “enxuto”. Você ainda pode conferir o áudio da entrevista na íntegra, clicando no player no final do post.
mixtape - Bom, Jovem, eu gostaria que você fizesse uma apresentação geral do trabalho de vocês para o pessoal. Nos já escrevemos um post, mas você podia explicar para a gente, com as suas palavras, em que consiste o seu trabalho, uma síntese.
Jovem Palerosi - Às vezes é até meio difícil dar uma síntese geral para um trabalho que começou em um formato, mas que cada vez mais se expande para outras mídias, outras vertentes de realização. O projeto começou como um programa de rádio, muito interligado ao começo da Rádio UFSCar. A gente participou do processo de implantação da Rádio e o programa foi ao ar logo no começo, há 2 anos e meio atrás. Desde então, a gente começou a se envolver mais a fundo com a questão da música contemporânea brasileira, a nova música brasileira, desde a parte estética das novas realizações artísticas, quanto aos novos modos de produção, a maneira de se relacionar, de se produzir e isto foi muito interessante. No começo, a gente ficava pensando, será que vai dar pé?! Será que tem conteúdo para fazer esse programa? Será que daqui a pouco não vai acabar? Mas na verdade, a história se reverteu completamente. Além de ter muito conteúdo, muita coisa acontecendo no país todo, a gente viu que a gente tinha um poder de propositividade muito grande nessa história também. Aí então, a gente começou ser mais ativo neste processo e ser mais orgânico nessa história também. Daí foi um passo, para a gente começar a produzir a festa que acontece mensalmente em São Carlos e junto com a festa começou o trabalho com a Discotecagem Radiofônica, que é uma apresentação só de música contemporânea brasileira. A nossa proposta acaba focando nos últimos 2, 3 anos. É uma produção muito atual mesmo, que está sendo produzido de mais novo na música brasileira mesmo. Fora isso, a gente tem outras atividades. No post foi citado o Massa Coletiva, realmente fez uma diferença muito grande quando a gente se entendeu como um processo coletivo e não só como programa, e passamos a atuar de forma coletiva e muito interligada ao Circuito Fora do Eixo. Somos peça integrante deste circuito que reúne mais de 40 coletivos no Brasil todo.
mixtape - Vocês estão há dois anos e meios no ar e nesse trabalho de pesquisa de vocês, o que você tem observado sobre a relação entre a música e o mercado, na última década?!
Jovem Palerosi - São muitas relações possíveis. Tem uma questão, que pelo menos eu e algumas outras pessoas já têm como dada, já considera quebrada as grandes gravadoras, que estão sem saber o que fazer já faz um bom tempo. Então, ao invés de falar da mídia mainstream, é mais legal pensar a potencialidade da cultura independente hoje em dia e ela está em diversos níveis, desde uma coisa mais amadora, mais caseira, acessível a todos, até no sentido mais profissional, profissionalizante mesmo. Hoje é a grande opção. É isto. Hoje, quase todas as bandas no país são independentes. Não é somente uma bandeira a ser levantada. Durante muito tempo foi uma coisa “você tem que nadar contra a corrente, contra as imposições do mercado” e hoje em dia, é muito difícil e quase ninguém mais quer atrelar o seu trabalho a uma grande corporação que pauta seu trabalho em velhos padrões, por velhos conceitos de mercado, de arte, e outras coisas. Eles, por exemplo, não conseguem enxergar a potencialidade da internet e tentam transportar o modelo das vendas dos CDs para a internet, sendo que há um movimento muito grande de legalizar tudo isso e disponibilizar o seu material. Não só disponibilizar gratuitamente para os ouvintes e fãs, como uma caridade, mas também como uma idéia, uma ideologia da cultura livre, na qual o que você cria, faz parte de um todo, sua obra vai ganhar mais valor, você vai crescer artisticamente a partir do momento em que outras pessoas escutarem e tiverem acesso a esse material, podendo modificar e reproduzir da forma como quiser, tranformando este material. Isto tem muito a ver com o software livre, a cultura livre, creative commons, copy left, que são outra praia, mas que tem muito a ver com o novo mercado, as novas ferramentas digitais. E esse novo contexto que estamos vivendo, de uma produção muito intensa e, de certa forma, muito fragmentada. Com as possibilidades da internet, a gente tem tudo para tornar o processo mais colaborativo, um complementando o outro, e não competindo.
mixtape - Sim, sim. E nesta última década, com o avanço da internet e a música no formato de mp3 deu um gás muito grande neste lance da colaboratividade. Você não precisa estar necessariamente junto com a pessoa produzindo. Você pode estabelecer relações com o pessoal de Cuiabá, Paraná, do Sul do país. Acho que serviu para integrar movimentos espalhados, centros produtivos distantes geograficamente. As novas mídias tem um papel importante, tanto na produção, quanto na distribuição.
Jovem Palerosi - A busca é por criar ferramentas e mecanismos para tornar o processo mais colaborativo possível. Eu dou o exemplo do Circuito Fora do Eixo, são 40 coletivos espalhados por todos os cantos do país mesmo, em todos os estados temos pelo menos 1 representante, um coletivo de ação cultural, interligados, com idéias parecidas, sendo que um princípio básico é você compartilhar a sua tecnologia. O que você desenvolve tanto em termos de ferramentas técnicas, como de ferramentas intelectuais, idéias, é compartilhado. São criados lugares na internet, onde você mostra para outras pessoas como se faz, pensando em um crescimento coletivo, no desenvolvimento e aprimoramento da idéia. Você disponibiliza e alguém, além de se apropriar, vai transformar, adaptar para a realidade local, vai crescer, vai passar para outra pessoa, e a coisa vai somando. É um ciclo bem intenso de resignificações de idéias boas. Puxando para este lado de creative commons, cultura livre, é importante falar o que é isto. Para quem tiver interesse, procurar, principalmente o ccmixter.org, um portal colaborativo na internet, onde vários artistas disponibilizam o seu material para baixar, com as “pistas” separadas. Em termos de música é mais fácil falar assim. Por exemplo, um trio de guitarra, bateria e baixo, você disponibiliza cada parte separada, assim outras pessoas podem recriar em cima disto. Seja um remix, ou aproveitar um pedaço como sampler de outra música, inventar da forma como quiser. A única ressalva é que você tem que citar a fonte originial. Nessa nova regulamentação, que é o copyleft, você pode escolher os usos que as outras pessoas podem fazer da sua obra, se ela é livre para distribuir, para modificar, ou só para baixar e ouvir, se pode ou não ser feito uso comercial dela. Quem escolhe é quem faz o upload, quem disponibiliza. No Brasil, um canal é o Overmixter, canal deste portal ccmixter, deste portal de creative commons para som, dentro do site Overmundo, um dos principais sites colaborativos do país. Existem muitas músicas, inclusive de artistas razoavelmente conhecidos. Já dá para ouvir vários remix que foram feitos com estas músicas. De vez em quando rola alguns concursos, como o da Rádio UFSCar, no Festival Contato do ano passado. A gente disponibilizou várias pistas inteiras de gravações que fazemos na Rádio, para as pessoas reutilizarem da forma como quisesse. Este, realmente, é o caminho da nova música. Ressignificação dos meios que a gente tem e das coisas que a gente produz. Não adianta mais guardar a sua idéia debaixo do travesseiro, na sua cabeça. Você em que amadurecer, concretizar e disponibilizar para outras pessoas criarem em cima.
mixtape - E pelo que você está falando, a questão dos direitos autorais já está ficando para trás. A idéia é colaborar mesmo, abrir sua produção, abrir sua cabeça e trabalhar junto, né?!
Jovem Palerosi - Tem uma reflexão que eu faço. O país está num momento muito propício à coletivização. O que eu ando observando ultimamente é que estão pipocando coletivos no Brasil inteiro, em vários cantos. Coletivos começando a se organizar, que já identificam um coletivo próximo com quem dá para fazer uma parceria, para trocar conhecimento. Aí já se entende como uma rede regional, estadual, nacional. Várias microredes. Eu não sei falar sociologicamente, antropologicamente, mas é uma tendência do momento em que estamos vivendo. Ao mesmo tempo que tem essa coisa muito individual, a internet, o computador, o pernsonal computer, os processos estão se tornando cada vez mais coletivos, pelo que tenho observado e vivido. Tem uma coisa no ar, diferente, de movimentação social. Tenho conversado com amigos, várias pessoas espalhadas por todo canto que também estão maravilhados com essa momento, estão propagando a idéia e tentando tornar seu trabalho e suas atividades interligadas neste processo coletivo. Mais vai contaminando, mais vai se transformando, é uma realidade social que está acontecendo legal. Inclusive, estamos estabelecendo contato com um pessoal da Argentina e outros lugares da América Latina e eles ficam encantados com o que está acontecendo aqui, porque lá ainda está muito distante disto, apesar de eles serem extremamente politizados, terem uma consciência social super avançada, eles ficam impressionados com essa movimentação social que tem acontecido no aspecto da cultura. A gente é a regional do Estado de São Paulo, a forma como a gente se estruturou e encarou o processo, em pouco mais de um ano, a gente é uma referência na região. Cada parte do país tem uma regional, e nós, aqui no sudeste, temos duas, uma em Minas Gerais, com o coletivo Goma e outra em São Paulo, o Massa Coletiva. E a nossa missão é auxiliar na formação de outros coletivos, de ajudar nesse processo, um pouco como uma consultoria, mas muito mais que isso. Na verdade, chamar mais gente para trabalhar junto e fazer mais coisas na mesma direção.
mixtape - Sim, compartilhar tecnologias e tudo mais. A impressão que eu tenho é que a colaboratividade se dá além da relação dos coletivos entre si, que a participação do público é super importante.
Jovem Palerosi - A participação do público sempre é importante, o feedback, não só para os artistas, mas como do processo, o público é muito importante, mas não como público passivo, mais a idéia de misturar as coisas, o público ser mais ativo nas idéias, no entendimento desse processo também. É difícil conciliar um evento com consciência política, mas que seja então, inconsciente, que esteja em algum canto da cabeça a idéia de as coisas estão se transformando, que as artes e os processos políticos estão sendo transformados. O público não precisa pensar nisto enquanto está dançando, mas de certa forma interligue uma coisa com a outra.
mixtape - E quais sãos os planos de vocês daqui para frente, tanto do Independência ou Marte como do Massa Coletiva?
São muitos planos. Este final de ano está bem legal. A gente conseguiu conciliar bastante o lance das oficinas que a gente tem realizado, estivemos em vários festivais no país todos, estamos circulando por vários coletivos em vários cantos, colocando a Dicotecagem para rolar forte. E agora no final do ano, nós fomos contemplados como Ponto de Cultura, pelo edital dos Pontos de Cultura do Estado de São Paulo, então temos um trabalho gigantesco pela frente, ainda estamos nos organizando para ver como vai ser, o foco são as regiões periféricas de São Carlos. Além deste trabalho, vamos continuar alimentando a rede nacional, fazer as atividades acontecerem, e para isso já existem alguns mecanismos criados pelo próprio Circuito, como é o caso do Grito Rock, que acontece durante o carnaval. É um festival integrado, que acontece no país todo. E tem também o Festival Fora do Eixo, que vai acontecer em abril e que deve invadir o estado de São Paulo, com bandas do país todo circulando, realizando uma coisa muito interessante. Vai ser a segunda edição do Festival Fora do Eixo, mas em um contexto em que o Circuito está bem maior e mais estruturado, com muito mais ações para desenvolver e cidades para percorrer. Tem um boom. Quanto aos anseios pessoais, eu, particularmente, estou querendo desenvolver e registrar uns trabalhos de criação musical que eu tenho feito. Tenho isso como meta pessoal, mas que eu quero coletivizar também. Como eu já falei, não só guardar em baixo do travesseiro, mas tornar o processo criativo mais participativo
mixtape - Ah! Bom saber! Temos muito trabalho pela frente! E qual é a sua expectativa de tocar em Santos?!
Jovem Palerosi - Por incrível que pareça, eu nunca fui para Santos, nem para curtir, nem para conhecer, mas já ouvi falar bastante. Foi criada um expectativa, pelo que você tem falado e por você sempre ter pilhado essa história “precisamos fazer, precisamos fazer, e agora vai dar, e agora deu certo”, criou uma expectativa legal. Eu não consigo imaginar, não conheço muita gente e nem o perfil das pessoas, mas espero que vocês estejam com as mentes abertas para dialogar seus corações e seus corpos com a Discotecagem Radiofônica, que é um projeto bem experimental e com bastante música nova. O hit não é o nosso diferencial, o nosso diferencial é música boa, nova, contemporânea, astral positivo, mensagens boas, clima de celebração. E se preparem, pois eu vou chegar munido de muitos efeitos e processamentos digitais. A gente gosta de lidar com isso na produção do set. O lance é sentir, mais do que qualquer outra coisa.
mixtape - Sim, sentir sempre. E tem como você dar uma palhinha?! Algumas bandas que se destacaram?! Uma dica...
Jovem Palerosi - Nosso set nunca é fechado, mas sons que sempre rolam e que têm muito a ver com o projeto é o Mamelo Sound System, o Caio Bosco, que é daí do Guarujá, e que tem uma relação com o projeto bem legal. A gente costuma rolar bastante as músicas que a gente gravou lá na Rádio UFSCar, então são algumas versões diferentes para algumas músicas conhecidas, a gente puxa para o lado instrumentais, mais para o regional contemporâneo, tem muita coisa diferente. Eletrogroove, Projeto Nave, Isso tudo rola! E algumas outras invenções que vão rolar na hora, umas mixagens do momento. Vamos ver o que acontece. Não tem muita regra a princípio, tem só o que faz parte da gente, do nosso DNA, da nossa história, que a gente tenta reproduzir na pista. B-Negão e Seletores de Freqüência, Turbo Trio, esses sons que realmente fizeram a diferença na última década e que a gente já traz naturalmente, pela qualidade do som, na nossa propagação de astral com a Discotecagem. Identificação artística com esses sons.
mixtape - Bacana. O Projeto Nave tocou aqui no SESC há uns dois meses, o B-Negão esteve na Futuráfrica e o próprio Caio Bosco também. Boa parte desse som já é conhecida da galera e o que não é, fica sendo. O bom é sempre ampliar nossas referências musicais. Mas acho que é isso. Já deu para apresentar melhor vocês para o público. Vocês são em dois, mas desta vez, você vem sozinho...
Jovem Palerosi - Eu vou sozinho, mas fica a responsabilidade de valer por dois. A gente tem outras dinâmicas quando estamos em dupla, sozinho as quatro mãos têm que partir de mim. Vamos ver o que acontece. Eu vou munido do meu fiel escudeiro SP404, um sampler que a gente utiliza, então ganho novas parcerias sempre que estou acompanhado com ele.
mixtape - Estamos esperando você aqui, dando os nossos corres aqui, enquanto você dá os seus aí. E a gente se vê e dança muito no sábado, no dia 19/12, na primeira edição da festa mixtape.
Jovem Palerosi - Parabéns vocês pelo corre todo, pelo trampo de pré-produção que tá bonito mesmo. Difícil de ver gente tão motivada, tão focada na realização de um evento. Parabéns por todos os mecanismos que vocês estão criando, as iniciativas, ainda mais sendo primeira edição. A dica é não desanimar por nada, o feedback já está sendo bom e a idéia é ir construindo. Isso é um trabalho de construção, de formiga, que vai rolando, já está rolando.
Iniciando uma série de entrevistas para o blog da mixtape, batemos um papinho com Flávia Durante, DJ convidada da primeira edição da nossa festa.
mixtape:Quais são as principais diferenças entre tocar em Santos e em São Paulo?
Em Santos, como a Popscene foi a única festa do estilo na cidade por um grande tempo, parece que as pessoas se jogavam como se não houvesse amanhã. Nunca vi um público que se divertisse tanto como o de Santos. Pulavam, dançavam no queijinho, faziam trenzinho, se descabelavam, sem se importar se isso era cool ou não.
mixtape:Como você analisa o underground santista atual? Há diferença entre agora e a época que rolava a Popscene?
mixtape:Que analise você faz da cena musical independente nos últimos dez anos?
A cena amadureceu e se profissionalizou. Mas também apareceram picaretas dignos de qualquer gravadora major.
mixtape:Quais foram as maiores mudanças?
As bandas se conscientizaram de que não basta apenas fazer as músicas e esperar que alguém as descobrisse.
mixtape:Que bandas ou artistas foram destaque, para você, nessa década?
Sou suspeita pra falar pois já trabalhei com vários deles mas das nacionais, Cidadão Instigado, CSS, Curumin, Turbo Trio, Supercordas, Mombojó.... Das gringas, Strokes, Radiohead, Franz Ferdinand, Amy Winehouse, LCD Soundsystem, N.E.R.D., Dizzee Rascal...
mixtape:O que você espera dessa nova festa? Pode dar uma palhinha do que vai rolar no seu set?
Estou bem empolgada afinal há uma ano não toco em Santos e MORRO de saudade! Vou tocar os maiores hits da Popscene como Reptilia, Bandages, Rehab etc etc etc...
Raphael Morone, nosso amigo do coletivoACTION, foi convidado para falar um pouco sobre música e as novas tecnologias que vieram com os anos 2000. Suas impressões:
Pensando nos anos 2000, é inevitável não lembrar da minha primeira aventura no Napster em busca de "Papai Noel Filho da Puta" dos Garotos Podres. Para um gordo de 13 anos, baixar algo com pompa de ilegal era o máximo de malandragem que se poderia praticar. Era raro você encontrar um album inteiro disponível, e quando encontrava, não era organizado por pastas. Baixar música e conhecer bandas, naquela época, era catar milho. Posso dizer que minha época no Napster não me marcou em porra nenhuma. Serviu apenas para puxar músicas aleatórias, funks antigos e Roberto Carlos para minha vó ouvir.
Com o fim do programa, a maioria se viu obrigada a utilizar programas como Morpheus e Kazaa, estes com uma interface e uma estrutura bem mais bacana que o Napster. Foi aí que comecei a puxar tudo que de alguma forma ajudou a conceber meu apuradíssimo gosto musical atual: trilha sonora de anime, skacore da pior qualidade e o pop-punk feito no comecinho dos anos 2000 que embalou os bailes da cebola da juventude caiçara- cheia de atitude na época-. Até então, pense que se você quisesse algo como reggae além Bob Marley ou a discografia completa do Otis Redding, você tava fodido. Ou torcia para algum daqueles malditos usuários desses programas compartilhassem suas deliciosas coleções de soul e reggae. Coisa que na época, ainda era difícil acontecer.
No mesmo período, comecei a frequentar alguns fóruns de música. Inclusive foi em um deles que tive a feliz chance de conhecer o Soulseek e perceber que com o advento da banda larga, recentemente instalada em casa, poderia em breve baixar todo o conteúdo da Internet. Ledo engano. Um dos grandes males do Soulseek e da internet rápida é que você vira praticamente um viciado em crack. A parte boa é que você tem uma grande chance de conhecer artistas de lugares que você jamais imaginaria ouvir algo fora do tradicional produzido por lá. Em 2004, por exemplo, a grande surpresa, eram as bandinhas de ska do País Basco: Skalariak, Betagarri, entre outros. Tudo é claro, com um ar de preucupação de estar baixando uma coletânea de World Music e se arrepender amargamente depois.
Se houve algo bom nos anos 2000 além da pornografia mais acessível a todos, com certeza foi isso. Espanhóis buscando referência em artistas jamaicanos e na soul music, americanos como Mayer Hawthorne fazendo uma volta ao seu roots produzindo coisas finíssimas, e o crescimento das festas temáticas aqui no Brasil.Ninguém imaginava há 9, 10 anos atrás, que teríamos festas especializadas em reggae, soul e até em um nicho ainda mais nerd do soul, o northern soul,por aqui. Popscene, Bomboclaat, Pedrada, Jamboree, Casino Matinee, Soul Glow e agora a mixtape. O fato é que com essa facilidade de corrermos atrás de sons, tudo ficou mais interessante.
Raphael Morone é designer gráfico, mestre pokémon e membro mais magro do coletivoACTION
Mais um texto sobre a década. Desta vez o nosso amigo Papito dá sua opinião sobre tevê e séries nos últimos dez anos.
Tem gente que adora televisão. Realmente, pra quem gosta, a experiência é ótima. Começa quando apertamos o botão on/off do controle remoto. Uns preparam uma pipoca de microondas para comer durante a Telaquente na segundona, outros assistem jornal jantando alguma comida pedida fora, outros aproveitam pra fazer amor no meio de uma comédia romântica rolando no DVD.
Hoje, essa antiga experiência transcende o espaço entre o sofá e a TV e vai para os quartos onde temos PCs com banda larga. A geração adolescente e recém adulta presenciou e participou de uma mudança nessa cultura e passou a consumir um produto que há 8 anos não era tão mainstream. As séries gringas.
Os viciados já acompanhavam séries das antigas, como Twin Peaks, The Twilight Zone e X-Files, alugando vídeos ou DVDs nas locadoras. Mas hoje, com a facilidade da internet, a galera acompanha mais de 4 séries por dia e até 40 séries diferentes durante o ano todo.
Esse boom originou-se do timing perfeito do avanço tecnológico com as melhores produções que a era moderna podia nos proporcionar. Essa mudança ganhou evidência em 2004, que foi um ano derradeiro para a massificação da tecnologia Torrent. Nesse ano, aponto 3 fatos que, com certeza, ajudaram isso a acontecer.
Nesse ano fomos presenteados com um belo series finale de uma das séries de comédia mais bem sucedida da história. O episódio final de Friends foi visto por mais de 50 milhões de pessoas e nos deixa com saudades até hoje da burrice do Joey e das piadas do Chandler.
Em seguida teve a estréia de Battlestar Galactica, remake da série de 1978 de mesmo nome. A série narrava a cruzada de uma nave de batalha chamada Galactica, que junto a outras naves abrigavam uma população de cerca de 50 mil pessoas que sobreviveram a um holocausto nuclear provocado pelos Cylons, robôs produzidos pelo homem que querem erradicar a forma humana. Essa série é, na minha opinião, a produção de ficção científica mais relevante já feita, seja pelo apelo dark ou até pelas discussões sociológicos, políticas e teológicas com incríveis textos e roteiros. Brilhante.
Por fim, a mais importante produção gringa da década. LOST. Essa é o tipo de série que todo mundo já ouviu falar, mas muita gente não conseguiu passar dos três primeiros episódios, por outro lado mantém uma base de fãs fiéis e fervorosos no mundo inteiro. Fãs esses que, em dia de release de qualquer episódio, garantem centenas de milhares de downloads. Um dos segredos do sucesso foi o jeito inovador de divulgar a série. Foram eles que começaram essa onda de ARGs(Alternate Reality Game), websódios e divulgações loucas digitalmente. Simplesmente sensacional.
Essa última década ainda nos proporcionou outro grande evento tecnológico que promete mudar o jeito de ver televisão, a entrada da TV Digital em nossas casas (ou pelo menos nas casas de alguns). A verdade é que muita gente nem sabe direito o que ela realmente é e ainda vai ter o seu ápice na década que se inicia em janeiro próximo. Quem sabe na comemoração de dez anos da mixtape falaremos alguma coisa sobre ela. Isso se a televisão ainda existir, mas espero que sim. =P
E você, que séries mais gostou de acompanhar nesses últimos dez anos?
Continuando a série de textos sobre a década, eu, Ciro Hamen, posto um texto sobre as minhas impressões da música nesse período.
Gosto de afirmar que vivo em uma época boa e criativa para a música. Acho uma babaquice reclamar que agora não se faz nada de bom e que som bom era feito antigamente, nos anos 60, sei lá. Se você é refém das rádios da vida, provavelmente tudo é ruim mesmo, mas se você sabe procurar, não.
Só em 2009 há, pelo menos, uma meia dúzia de discos que considero verdadeiros clássicos. Não apenas porque me acompanharam em momentos bons e ruins do ano, mas porque sei que estarão lá para mim, para sempre. Merriweather Post Pavillion, do Animal Collective, é um deles. Talvez o maior deles. Um disco pós-recessão que afirma estar cagando e andando para as “material things”. Que afirma, em suas letras, que a mulher dos sonhos é aquela que está em casa. E, como afirmaram, a beleza da vida está em montar esta casa. Cantam isso da maneira mais emocionante e excitante possível. Um disco maduro para fechar a década. A década das minhas descobertas, dos meus vinte e poucos anos. Os meus anos 60.
Muito aconteceu de 2000 para cá. O Strokes estourou e pavimentou o caminho das bandas que viriam a ser a cara desse período, White Stripes, Interpol, Yeah Yeah Yeahs, Franz Ferdinand. O Outkast lançou músicas geniais que ultrapassaram a barreira do que é rap/rock/pop. O Arcade Fire veio para o Brasil com o seu show maluco, fazendo a gente acreditar que estar no palco é a coisa mais legal do mundo. O Jay-Z fez o maior disco de gangsta rap da história. Os artistas “para tocar no seu quarto”, como Cat Power e Belle & Sebastian - desde a década passada -, se multiplicaram. Bon Iver, Bright Eyes, Fleet Foxes, Beirut, Grizzly Bear ganharam projeção por conta disso. O indie virou pop e tocou em comerciais de cadeias de fast-food e dominou as trilhas sonoras de filmes como Juno, Garden State e Apenas Uma Vez. O rap mostrou que tem muito mais força do que o conservador rock, com artistas como The Streets, Dizee Rascal, Lil Wayne, Ghostface Killah e, claro, Kanye West.
E no Brasil? Também teve muita coisa boa se você não ficou grudado nas rádios emo-MTV da vida. Talvez a banda que tenha conseguido mais destaque fazendo algo fora dos “padrões” foi o Los Hermanos. Ao longo desses anos lançaram três ótimos discos que provaram que um artista pode ter liberdade de criação mesmo que preso aos esquemas maléficos das gravadoras. Racionais MC´s também lançaram um grande disco no começo da década, mostrando a força do rap nacional.
Em menores proporções, outros artistas também fizeram a diferença. Black Alien cantou a Babylon by Gus e BNegão criou a “Dança do Patinho”. Lulina fez Cristalina, um dos melhores desses últimos dez anos, e virou uma voz única, inigualável, do indie nacional. Com um delicioso sotaque pernambucano, ela afirma “Oh Margarida, a vida é longa e outros vão aparecer. Olha esse aqui, tão carinhoso, legal demais, só pode ser gay”. Um indie pop de letras pouco sisudas como nunca antes se fez neste país. Ao melhor estilo Velvet Underground dispara: “- Vamos ser amigos. – Não gosto de você. – Melhor dar um tempo. – Vaisifudê. Uma pena que essa noite acabou... E você não entendeu”.
Portanto, com tanta coisa bacana saindo hoje, é uma idiotice e coisa de velho conservador ranheta ficar falando que não há nada de bom sendo feita agora. Se for depender da criatividade de artistas como os citados acima, eu mal posso esperar pela década de 10!
Inaugurando uma série de textos sobre diferentes áreas da cultura nesta década, chamamos o amigo Alessandro Atanes para dar suas impressões sobre literatura.
Em alguns de seus textos e entrevistas o escritor argentino Jorge Luis Borges costuma se lembrar de uma frase, dita por alguém que já esqueci o nome, em que um leitor é Shakespeare quando lê Shakespeare. Isso é bem claro para os clássicos: somos Homero, somos Platão e Aristóteles (por que não os dois?), somos Cervantes e sobretudo Quixote. Somos Balzac, Machado, Kafka, Borges, somos Rosa.
Encomendado para tratar da literatura da última década, este texto, por sua vez, pergunta: Somos também Amoreira, Ariel, Tavares, Bolaño, Freire, Oliveira, Hatoum, Mutarelli, Aquino, Demarchi, Dicke, DeLillo? Sobrenomes por sobrenomes, a primeira lista está na frente em figuras conhecidas. Então, se nossa identificação com a literatura ocorre em grande parte pelas obras preferidas pelas sucessivas gerações de leitores, como lidamos com os contemporâneos?
>Na era da hipermodernidade, de um “universo inteiro hipernomeado de sentido, hipersaturado de narrações”, como escreve Juliano Garcia Pessanha em seu novo livro (a citação foi feita pelo crítico Manuel da Costa Pinto), são os autores contemporâneos que acabam por definir o sentido das coisas, por dar significado ao mundo, por nos mostrar as cores e os cheiros do tempo presente de formas que o limitado jornalismo não ousa conceber.
Por isso, somos Flávio Viegas Amoreira e seu sentimento atlântico do mundo; somos Marcelo Ariel e a memória da Cubatão industrial dos anos 80; somos Gonçalo Tavares e Roberto Bolaño, cronistas de um mundo em que kafkiano passou de adjetivo à essência; somos Milton Hatoum e Ricardo Guilherme Dicke e um Brasil literário que é maior que São Paulo; Somos Lourenço Mutarelli e Marçal Aquino em uma metrópole esgotada; somos Nelson de Oliveira e a antecipação em uma ficção de 2005 de um apagão que derruba todo o sistema de distribuição de energia entre os estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste; somos Don DeLillo e a paranoia da hecatombe nuclear em que fomos concebidos; somos Ademir Demarchi e a reivindicação do tempo.
Impossível apontar qual destes e dezenas de outros autores se tornarão clássicos. Para eles, isso talvez seja uma tragédia. Para o leitor, não. Ler os contemporâneos é justamente a oportunidade de estar na história por meio da apreensão poética da vida que vivemos.
Alessandro Atanes é jornalista e mestre em História da Literatura
Ninguém lança um álbum sabendo que vai ser o melhor da década. Pode até ter a pretensão, mas é somente no final deste período que podemos olhar para trás e avaliar quem, de fato, fez a diferença.
Na sua opinião, quais foram as três melhores músicas da década?! Participe!
Dê uma twittada com @festamixtape e mande para a gente a sua opinião. No dia da festa sortearemos uma camiseta masculina e outra feminina, da loja ROCKSHOW, entre quem mandar os posts!
Final de ano costuma ser tempo de relembrar. Resgatar promessas do fundo da gaveta, as previsões astrológicas das revistas “velhas” e conferir o que se realizou e o que, para variar, ficará para os próximos anos. Os sucessos que embalaram nossas noitadas, os filmes que nos fizeram rir e chorar. Os casos, os trampos, enfim, um pedaço de uma vida, vivido em 365 dias, revisto em pouco menos de 1 mês. Imagine então, fazer isso de uma década...
Quem, não se lembra do Bug do Milênio?! Muitos tinham medo que os computadores não reconhecessem o formato da data, 00, outros tantos temiam que suas poupanças sumissem dos bancos. Alguns surtaram, acharam que o mundo ia acabar. Houve até suicídio coletivo. Pois é. Embora um pouco desacreditado, o ano 2000 chegou, entramos no século XXI, e como que num piscar de olhos, estamos aqui, 10 anos depois para tentar contar essa história. E celebrar também!
Um ponto parece ser consensual, as coisas estão se transformando numa velocidade tremenda! Há pouco mais de 10 anos, celulares não existiam, computadores eram raridade, internet, então, nem, se fale... A globalização, apenas um indício. O avanço das novas tecnologias operou mudanças profundas na forma como as pessoas trabalham, se comunicam, se relacionam, enfim, vivem. As distâncias geográficas parecem estar mais curtas, tudo ou quase tudo parece ser possível. As coisas acontecem mais rápido e tudo tende a ficar obsoleto mais cedo: discos, fitas, CDs, DVDs, TVs etc. O céu é o limite e o consumo, o nosso carro-chefe.
As conseqüências já começam a aparecer, para o bem ou para o mal. Vamos precisar de pelo menos mais dez anos para termos noção do tamanho do estrago que estamos causando no planeta e nas nossas vidas. Relembrar é um passo antes de planejar. Antes mesmo de acabar esta década, já temos pistas de que a próxima promete. Novas eleições presidenciais definirão o rumo do país. Copa do Mundo e Olimpíadas pela primeira vez no Brasil.
Onde será que estaremos e em que condições?!?! Esperamos ter bons motivos para mais uma grande festa.
A festa mixtape vai rolar no sábado, dia 19 de dezembro, no Studio G, na rua Dr. Carvalho de Mendonça, 80 – altos, entre a rua Senador Feijó e o Canal 3. Caso tenha dúvidas, consulte o mapa na barra lateral da página.
A festa começa às 23h e como vocês também já devem ter visto no flyer virtual, a entrada vai ter dois preços diferentes. R$ 15,00 na porta e R$10,00 na lista, para quem enviar o nome com o e-mail para a gente, festamixtape@gmail.com.
Ah! Só serão considerados os nomes enviados até às 18h do dia da festa. E é bom chegar cedo. Além de aproveitar mais, a entrada com o desconto só valerá até 00:30h.
Galera, como já explicamos, a mixtape não tem o propósito de ser uma simples festa com música boa. Queremos promover a discussão - ou o debate - por meio das redes sociais virtuais que facilitam esse tipo de conversa hoje em dia. Convidamos todos para entrarem na comunidade do orkut e postarem perguntas, idéias, sugestões, entre outras coisas. Vamos abrir nossa cabeça e colocar pensamentos no ar.
Já explicamos como surgiu a idéia da festa, quem convidamos para tocar e onde vai ser. Agora falta falar quem somos nós. Somos um trio de jovens amigos que organiza e produz a festa. Todos santistas, estamos na faixa dos 24 anos e nos formamos recentemente na universidade, um jornalista, uma socióloga e um publicitário. Nos conhecemos há anos, separados pelo destino e unidos novamente pelo Orkut.
Os rapazes já foram apresentados, são os DJs residentes do projeto, Ciro Hamen e Rafael Campos. O ar da graça feminina, e a força também, ficam por minha conta, Cecília Rodrigues. Se fosse preciso designar funções, eu estaria à cargo da produção executiva, o Ciro seria nosso assessor de imprensa e o Rafael, o responsável pela arte do projeto, blog, flyer, logo e afins. Mas não é o caso, aqui fazemos de tudo um pouco e nos revezamos nas tarefas cotidianas que consistem a produção de um evento.
Formamos um trio cooperativo e colaborativo. Cooperativo porque não existe hierarquia, tomamos as decisões juntos e nos esforçamos para que elas sejam consensuais. E colaborativo porque é assim que acreditamos que as coisas funcionam, ou deveriam funcionar. Lembram daquela música dos Mutantes?! Estão dizendo que é para competir, mas eu só penso em te ajudar. Só quero uma vida em que a gente possa amar. É mais ou menos isso. Estamos aqui para somar, agregar. Parcerias e sugestões são sempre bem-vindas.
Damos valor à diversão, à diversidade, às amizades e a bons passos de dança. E nossa idéia é proporcionar um novo espaço na noite de Santos para um público jovem e ligado nas novas tendências musicais. Um lugar de encontro, bom para dançar com os amigos e ouvir em alto e bom som aquelas músicas que não saem de nossos fones de ouvido.
Em nossos fones, toca de tudo um pouco e estamos sempre à procura de alternativas musicais contemporâneas - Rock, Indie, Pop, Hip-hop – nacionais e internacionais. Valorizamos a boa música produzida no passado, elas são nossa base, nossas referências e nos inspiram, mas acreditamos que existe muita coisa boa sendo produzida atualmente e que precisa de espaço para ser mostrada.
Não saber para onde ir no sábado à noite é uma coisa mais do que comum. Bom é quando temos várias opções. Pior é quando não temos alguma. Os mesmos velhos botecos acabam sendo a saída. Seria uma inverdade dizer que não existem opções em Santos. Existem sim. O mercado do entretenimento na cidade é vasto e se renova constantemente. Vez ou outra, abre algum bar interessante. Mas mesmo assim, a grande maioria das casas privilegia o pop-rock e as já viciadas bandas de covers.
A festa POPSCENE! foi uma alternativa, entre 2002 e 2008. Hoje em dia, contamos com o Sesc Santos, que em meio a sua diversificada programação cultural, vira e mexe traz alguma banda legal. A festa Futuráfrica, com seus sound-system, e mais recentemente, o pessoal da Casa de Família, que gentilmente cede a casa para realização de eventos a preços módicos, têm se mostrado boas opções. E ainda assim, é comum considerarmos a opção de ir para São Paulo para ouvir o som que ouvimos em casa, quando estamos sozinhos ou com os amigos.
Não foi uma vez ou duas em que saí de um bar ou de uma festa e dei graças ao senhor pelo silêncio. Não pelo volume. O volume alto é pressuposto básico, mas por causa do tipo da música. Confesso que me senti melhor ainda quando entrei no carro e liguei o som, ou então, coloquei meus fones para me acompanhar na pedalada de volta para casa.
É difícil encontrar alternativas mais distantes do mainstream, com bandas que fazem sons autorais e composições próprias, ou até mesmo sons mais “moderninhos”, com menor apelo comercial. Reclamar sempre é a saída mais fácil. Mas reclamar muda quase nada da situação, apenas colabora com o debate e engrossa o coro dos descontentes. Percebemos esta carência na noite santista e também que a solução não cairia do céu, nem do mercado. Resolvemos então, produzir independentemente uma festa, juntar a galera que está espalhada por aí e propor uma alternativa cultural para a Santos.
Bom, para resumir a história, depois de muito reclamar, resolvemos arregaçar as mangas. E voilá! Eis que nasce um projeto novo para sacudir essa cidade! mixtape. Prestigie!
A preocupação em escolher um bom local para a realização de um evento legal é sempre grande. Por isso os realizadores da mixtape escolheram o Espaço Studio G, local que abriga eventos de vários estilos, do hardcore ao reggae. Com uma ampla pista de dança e boa infra-estrutura – como pode ser observado nas fotos que ilustram o post -, o espaço já é referência para quem quer sair da mesmice do pop rock das baladinhas santistas. A bebida, sempre a custos altos nas casas noturnas da cidade, também tem preço acessível e a variedade é grande.
O Espaço Studio G fica na Rua Carvalho de Mendonça, nº 80 – altos. Para quem não sabe como chegar, colocamos um mapa, do Google Maps, na barra do lado direito da tela.
Além de Flávia Durante, a primeira edição de mixtape traz a Santos a Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte, nave sonora ambulante, sound-system em mutação pilotada a 2 ou 4 mãos.
As 4 mãos são de Jovem Palerosi e Felipe Silva, de São Carlos, interior de São Paulo. Eles coordenam o projeto multimídia e o programa de rádio Independência ou Marte, para o qual realizam uma vasta pesquisa que contempla a diversidade e a qualidade da música independente nacional, a divulgação e a cobertura dos festivais brasileiros. Oficinas de produção radiofônica colaborativa, como a transmissão de shows e festivais em tempo real, também fazem parte das atividades desta dupla dinâmica.
Os rapazes circulam o Brasilzão promovendo a difusão da cultura musical independente em seus diversos aspectos. Fazem a conexão entre o programa de rádio e pistas de dança, ou qualquer outro espaço que goste de captar música boa. Mixam um acervo antenado com o que é produzido nos diversos cantos do país, somado à cerimônia, auto-sampleamento de frequências, loops de pensamentos processados e outras idéias em sintonia com a celebração.
O Independência ou Marte faz parte do Massa Coletiva - Núcleo Cooperativo de Comunicação e Cultura, que possui ações voltadas para modos alternativos de produção cultural, sendo uma plataforma que integra a cidade de São Carlos ao Circuito Fora do Eixo.
Música Brasileira Contemporânea, sem padrão, classificação, a não ser o da autenticidade e da expressão autônoma. Mal podemos esperar!
Enquanto eles não chegam por aqui, vocês podem conferir o trabalho dos caras pela web, toda 2ª feira, às 22h, no site da Rádio UFSCar, http://www.radio.ufscar.br/. O programa também é transmitido às 6as feiras, às 20h, no Portal do Circuito Fora do Eixo, http://www.foradoeixo.org.br/.
Sem tocar em Santos há praticamente um ano (desde o dia 13 de dezembro de 2008!), Flávia Durante retornará na festa mixtape.
Jornalista, fã e pesquisadora de música desde a adolescência, a santista residente em São Paulo Flávia Durante começou a discotecar em meados de 2001 em casas como DJ Club e Orbital.
Entre 2002 e 2008 produziu com Hector Lima a POPSCENE!, festa que resgatou a noite alternativa santista e virou referência no País e levou à cidade nomes como Cansei de Ser Sexy e Bonde do Rolê antes das mesmas fazerem turnês pelo exterior, além de bandas locais e DJs da cena paulistana.
Discotecou nas melhores casas de São Paulo como Vegas, Glória, D-Edge, Funhouse, Lôca, Astronete, Milo Garage, Audio Delicatessen, Tapas, além de clubes em Belo Horizonte, Curitiba e Goiânia. Levou com seus amigos produtores do Gente Bonita a festa Popscene para uma temporada no clube Glória, quando então discotecaram nomes como João Brasil, Goos, Chernobyl e a dupla dinamarquesa LadyBox.
É produtora e DJ residente da festa Soul Glow, no Bar Volt, da festa Fera no Vegas e do Tubaína Bar. Seus sets trazem um resgate dos sons pop, funk e soul music dos anos 60 com pitadas de rock contemporâneo, eletrônico e música brasileira.
A festa mixtape conta com dois DJs residentes, Ciro Hamen e Rafael Campos, e nesta edição trará dois DJs convidados, especialíssimos, diga-se de passagem! A Flávia Durante, já conhecida pelas bandas daqui, e o projeto Discotecagem Radiofônica Independência ou Marte, de São Carlos. Os quatro serão responsáveis por nos fazer dançar ao som dos hits nacionais e internacionais lançados nesses últimos 10 anos. Conheça um pouco mais os nosso anfitriões e logo, logo, apresentaremos nossos convidados com maiores detalhes.
Ciro Hamen, é jornalista e músico. Fez parte da banda santista Montauk e é editor do blog de cinema http://www.acentonegativo.com.br/. Atua na produção de eventos culturais desde 2004, produzindo, entre outros, os shows de sua banda. Já discotecou em festas como a POPSCENE! e a Underclub, na noite santista. Suas principais referências musicais são o indie rock internacional e nacional. Além de referências clássicas como Pixies, Belle & Sebastian, Smiths, Velvet Underground, traz também produções mais atuais, de bandas como Strokes, Phoenix, Yeah Yeah Yeahs, Animal Collective, Black Alien, BNegão, entre outras.
Rafael Campos, o outro DJ residente, é publicitário e ao lado de Ciro, compunha e integrava a banda Montauk. Sua estréia como DJ foi na festa Generation, produzida pela dupla. Suas referências musicais vão do pop americano ao rock´n´roll, como Michael Jackson, Lady Gaga, Kanye West, 50 Cent, Kings of Leon, The Hives, Interpol, Hellacopters e a brasileira Forgotten Boys.
Começou como uma idéia que cresceu e encontrou parceiros. Hoje é uma realidade. Alguns de vocês, nossos leitores e amigos, já sabiam. Já temos data e lugar. Uma nova festa chega a Santos: mixtape. Marque na sua agenda. Dia 19 de dezembro, no Studio G.
Temos uma temática. Nesta edição dançaremos ao som de músicas lançadas entre 2000 e 2009. Afinal, não é todo dia que acaba uma década. Cada DJ, à sua maneira, priorizando o seu estilo e preferências sonoras, recheará o seu set com o que de melhor foi produzido neste tempo.
Muita coisa aconteceu nestes anos. Bandas estouraram, outras se consolidaram, algumas sumiram. A proposta aqui é relembrar as músicas que nos fizeram dançar, chorar, vibrar, enfim, fizeram parte da mixtape desse período de nossas vidas.
Postaremos novidades diariamente. Esperamos vocês por aqui!
Festa indie rock pop em Santos, desta vez realizada no dia 10 de setembro de 2010, no Clube Independente - Rua Dr. Carvalho de Mendonça, 74 Altos, Encruzilhada.