Mantendo a mixtape como uma festa de alto nível, trazendo as melhores e mais diferentes atrações entre as festas da baixada santista, chamamos Hector Lima, DJ criador da festa Popscene, junto com Flávia Durante, convidada da nossa primeira festa. Além de ter produzido com a Flávia a Popscene em Santos (no Retrô) e em São Paulo (No Glória), também produziu a Fera no Vegas e desde o fim de 2009 toca com ela no bar Tubaína, em festa temática de música brasileira e latina. Seus sets não seguem estilos musicais pré-definidos, apenas privilegia sons do fim do século 20 e começo do 21 para a diversão na pista de dança, entremeados com intervenções ao vivo de vários samples. Hector dividirá a noite com os nossos DJs residentes, Ciro Hamen e Rafael Campos, tocando o melhor do indie rock e pop.
A mixtape acontecerá no dia 17 de julho às 23 horas. A festa é no Studio G, que fica na Rua Carvalho de Mendonça, 80, em Santos/SP. Esperamos ver todo mundo lá!
Confira a entrevista com o nosso DJ convidado, Hector Lima:
mixtape: Você manteve a festa Popscene durante anos. O que fez ela durar tanto tempo?
A Popscene durou tanto tempo, além da data de validade das festas e casas normais por causa da sua própria origem: a Flávia, eu, o Thiago e o Bruno [que começaram o projeto com a gente e depois se mudaram pra Europa] queríamos ter onde sair à noite em Santos que não fosse apenas andar, ir ao cinema ou tomar suco no Chriswell. A gente queria ter onde se divertir e o então Retrô era o lugar perfeito; a festa foi criada com esse intuito, de a gente se divertir e dar uma opção pro pessoal local como a gente ter o que fazer. Era um momento em que a cidade estava bem carente do tipo de festa que a Popscene era, e olhando hoje foi muito legal, dá saudade - conseguimos levar pra Santos gente que de outra forma, naquele momento, não iria e demos espaço pra algumas bandas locais que tinham a ver com aquele espírito. Então essa própria carência de opções pra quem não quer ouvir os covers de sempre na noite santista, com as posturas de sempre também do pessoal assíduo desse tipo de festa fez com que a Popscene sobrevivesse tanto. Só tinha a gente - e mesmo em São Paulo tendo umas parecidas nos seus melhores momentos a Popscene tinha um espírito muito legal.
mixtape: Como você avalia as mudanças que aconteceram na cidade de lá pra cá?
Quero acreditar que a Popscene cumpriu seu papel em um momento específico em que o pessoal queria ouvir o que se entende por "som aternativo" [seja ele rock, eletrônico mas sempre novidadeiro]; dava gosto ver a alegria do pessoal de Santos aproveitando a festa e de ver até muita gente de São Paulo descendo pra se divertir. Me parecia uma situação em que muita gente diferente convivia junto por gostar de vários sons. A internet começou a bombar mesmo naquela época e todo mundo descobria coisas, ninguém se fechava tanto em um nicho. Hoje depois dessa expansão inicial parece que uma boa parte das pessoas parece ter se compactado em nichos de novo: tem o pessoal emo [ou do happy rock hoje] que vai nos eventos emos, tem o pessoal que gosta de música black e só vai em shows afins, os indies que só vão em festa de anos 90 ou que toquem apenas bandas da NME/Pitchfork. Posso estar errado por não morar mais em Santos, mas é a impressão que tenho. Eu gostava mais quando era tudo misturado - e digo isso sobre São Paulo também - e você podia ver mais todo mundo gostando de um pouco de tudo e não se preocupando com rótulos ou polícia ideológica.
mixtape: Você já esteve presente em algumas edições da mixtape. Na sua opinião, qual é a principal diferença entre ela e as outras festas?
Não tenho como comparar com a Futuráfrica e a Valsa, por exemplo, porque não fui nessas ainda, mas a impressão que tenho é que a Mixtape é a que tem mais esse espírito da Popscene de fazer uma mistura sonora divertida, quando várias pessoas diferentes se encontram. Sei que pareço gregário demais e muita gente torce o nariz mas acho que coisas interessantes se criam quando se tenta misturar mesmo - sem ter preconceito.
mixtape: O que faz de um DJ um bom DJ? O que ele precisa mostrar de diferente?
Não importa se o DJ tem remixes próprios ou às vezes até mesmo produções próprias ou [vão me crucificar por essa] acertar as batidas sempre. O DJ tem que saber sentir a pista. Isso não quer dizer que ele é uma jukebox humana que deve tocar só o que o povo pede, mas também ele não pode forçar uma pista que está bombando, com a galera pulando, a ouvir um som mais lento, por exemplo. Eu costumo ver um DJ set como uma narrativa, que vai crescendo até o clímax - e nisso entram reviravoltas também. O DJ não tem obrigação também de ser ser educador musical, mas é sempre bom quando apresenta um som inesperado; é como uma boa surpresa num filme. Se vai agradar são outros quinhentos, mas tem de arriscar coisas diferentes, não dá pra ficar só nos sons de sempre. É um meio-termo difícil de se alcançar, misturar o seu gosto com o gosto do pessoal, mas se você souber sentir bem a pista, estiver se divertindo junto e de vez em quando misturar algo diferente sem quebrar demais o ritmo vai fazer a noite de muita gente valer a pena. É esse espírito que eu espero levar pra Mixtape!
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